A certeza de não te encontrar...
Fallita,
para onde meus olhos se dirigem,
há o que devia haver,
e um não sei o quê, como pássaro sonoro
pousa no meu coração...
Mas não há desespero, não existe isso mais,
há compreensão, a experiência de quem,
já é antigo, serve, nessas horas de sonhos,
de companheira finda.
E quem olha a estrada vazia
não tem mais surpresas
porque aprendeu a não desejar,
a querer somente o possível,
o resto é sofrer...
Eu sinto sua falta
e as árvores, já que você não vem,
serão minhas companheiras.
Tenho muitos amigos,
pássaros e pedras cantam no meu silencio.
eu sei calar,
mas maviosas músicas vêm
das florestas do meu alheamento,
entre as árvores antigas o ar dança,
e o som que ouço é a de uma multidão de anjos...
Todavia, mais importante que isso,
aprendi a ouvir, apreendi o idioma das coisas,
por isso vejo em tudo
o écran onde a felicidade está de modo invisível projetada.
Como quem tem sede
e toma a decisão de ir
seguindo sua intuição mais pura
como se perseguisse o cheiro da água,
é preciso também ter olhos para ver,
e sentidos para sentir,
principalmente sentidos dilatados,
amplamente dilatados,
e mãos extra-etéreas para tocar a matéria dessa felicidade
que banha o mundo e todas as suas coisas,
das mais simples formas,
aos mais complexos seres,
pois tudo é de uma, uma coisa só...
Apesar de tudo, no meu coração
no universo dos universos que há em mim,
num deles um vazio grita, e grita porque sinto sua falta...
Todos têm o direito de sentir alguma falta
do que quer seja, desde a coisa mais chula,
até o amor mais impossível,
mas isso não é uma questão de escolha, a gente sente,
e sentir, em si só, já é de extrema nobreza...
Entre tantas coisas que me ocupam a mente o tempo todo,
neste momento exato,
nada mais me é mais presente
que o vazio que os meus olhos conseguem admirar,
a falta, o abismo onde te procuro com um olhar de ancião
com a certeza de que não vou te encontrar...