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(Ou os do subterrâneos)
Não tenho esse rosto
Nunca o tive
Assim como vês
Triste, magro, gordo, evasivo
Eu não tenho esses olhos
Meus olhos não são vazios...
Estas mãos têm força,
Mas as veras são melhores,
Não são estanques, nem frias.
Porém, o coração não se
Mostra a olhos carnais,
Apenas se fazem sentir
Todos os órgãos materiais...
(Não houve mudança
Nem simples, nem complicadas,
Nem sofrida, nem fácil)
Em todos os espelhos
Está a minha face,
De onde saem espectrais,
A me seguir,
Deixando em cada um deles
Um vazia a gerar faces novas
E antigas, sem controle,
Ectoplasmática,
Que vão se acoplando
Suavemente
Sobre a face congelada
Que carrego em cada momento,
Desaparecendo suavemente,
Como na boca sedenta
Se desfaz uma gota mágica
De uma água pura e transparente
Que se desfaz num língua quente
Sem chegar nem mesmo
Onde está a sede voraz
Dentro de um abismo sem fim
De onde essas faces fazem esgares
Como se a morte fosse
A essência de todas elas,
Me deixando repleto
Nas profundezas do meu ser
Como um cemitério
Onde os mostos afundam
Para o interior da Terra
Queimados, sem se desfazem
Pelas altas temperatura dos magmas,
Pressionados pela densidade
De todos os corpos,
Até que emitam o grito da segunda morte,
Que para sempre soam na minha mente,
No meu ser inteiro e imortal
Que anda entre toda essa gente
De ilibados valores éticos e morais...
Ah, quem anda a quebrar esses espelhos?
Não tenho esse rosto, não tenho...
06/2009