La bhoème.
Quando o sol se põe,
O coração vira janela,
Prepara o parapeito,
E gira a tramela.
Quando a noite vem,
O coração é taberna,
Rolam músicas e bebidas,
A assanhar a caserna.
Quando rompe a madrugada
O coração é sozinho,
Num vazio que o corta,
E o faz pequenininho!
E quando surge o arrebol,
O coração é estrela,
Querendo precipitar,
Na tua cama para tê-la.
Quando por fim raia o dia,
O coração cai na real,
Qual o frustrado ladrão,
Que tanto quis e se deu mal.
Quando vive um desengano,
O coração, de pronto, se entrega,
Aos ledos frenesis das noites,
O que a vida de dia lhe nega.