Tomada de consciência
O que me pesa mais nesta vida
Não é a matéria que geme meu corpo
Mas os montes de meus pecados
Que ficaram no inconsciente guardados
Até a data de hoje
Que amargor tomou conta de mim
Ver-me num espelho da vida toda
Da infância até esses longos anos
Ah, meu Deus, que sofrimento!
Se fui orgulhoso algum dia, e fui muito
Hoje tenho a existência dolorida
Pois não podem ser esquecidas
Nem justificadas as feridas
Das quais noutros fui autor
E em mim também
Não posso esquecer, não posso
Mais pedir perdão a ninguém,
Pois muitos já se foram,
E os que aí restaram
Estão de mim talvez esquecidos
Vivendo em desconhecidos lugares
De tudo estou separado
Não posso mais encontrar
Os sujeitos objetos de minha ignorância
Não tenho como me desculpar
Nem de mim mesmo tenho aproximação
Pois o que no tempo foi feito
Não pode mais voltar...
E aqui me encontro agora
No silêncio de meu ais
Vergado e envergonhado
Das coisas feias que não deixo de lembrar
Ah se eu pudesse viver de novo
Quanta coisa mudaria!
Ando nas ruas em silêncio
Nem ouço da dinâmica a gritaria
Mas na minha consciência há muita agonia
Se eu pudesse pedir, e peço todo dia
Ajuda pra Jesus
Que leve esse sentimento de culpa
Que assumo as responsabilidades
E digo de verdade
Agradeço pela revelação
De mim para mim mesmo em consternação
Agora que tenho consciência
Do quando posso ser mal e perverso
Mas nada dessa vida peço
Nem a dádiva de viver nem mais um dia,
Mas a cada dia que eu ainda acordar
Vou minha vida levar
Como um eremita que se enganou
Pensando que na isolação
Pudesse encontrar a solidão e a sabedoria
Ah, meu Deus, quanta aflição!
Tira de mim toda covardia
Não lhe peço para o que não há teu perdão
Mas que eu seja para os outros e para mim
Um ser que tenha eterna gratidão
De acordar entre meus defeitos
Como se emergisse de um lixão
E visse a vida viva como oportunidade
De está no mundo apenas para espalhar bondade