Só
Aprendi a ser só
Não digo que me apaixonei pela minha solitude
Apenas aprendi a ser só
Aprendi que me machuco
Sempre que no outro
Espero encontrar
A companhia que apenas eu
Espero contemplar
Aprendi que me machuco
Sempre que do outro
Espero receber
A atenção que somente eu
Percebo precisar
Aprendi que o que dou
Nem sempre volta
Por não ser nem percebido
Percebi que sempre há lágrimas
Quando deixo nascer ilusão
Percebi que tendo os pés no chão
Evito um pouco a desilusão
Aprendi a antever os momentos
E vestir a ocasião
Não porque não sinto
Mas ao outro não dou permissão
Pra que meus olhos fite
E neles veja a dor do não
Antes que isso
Dou a falsa impressão
De que nada me afeta
Mantendo-me ereta
Diante o coração com uma flecha
Que o atravessa
Fazendo-o quase parar
E ao peito sangrar
Mas aprendi fingir
Dar o sorriso mais aberto
Pra que apenas fique perto
O tempo da despedida
Sem que a lágrima ganhe vida
E grite, em agonia
Que minha tristeza é de dor
Mas aprendi a ser só
Porque só sempre fui
E no tempo que flui
Menti dizendo não ser só
Aprendi a ser só
Pra que só te deixe ir
Aos lugares que desejam a ti
E te movem a sorrir
Aprendi a ser só
Soltei tuas mãos
Prendi em meu peito o coração
Pra que você sorrisse então
Aprendi a ser só
Guardei-me no silêncio
De quem em um incêndio
Vê a alma flamejar
Só não sei
Se este só
Que me tem por tempo infinito
Percebe o meu grito
Não aprendi a ser só
Só é o que sou
Só vivo
Choro minha dor
Só estou
Minto por não haver sabor
Na companhia cheia de desamor
E por isso é só
E só estou