Aprendi a ser só

Não digo que me apaixonei pela minha solitude

Apenas aprendi a ser só

Aprendi que me machuco

Sempre que no outro

Espero encontrar

A companhia que apenas eu

Espero contemplar

Aprendi que me machuco

Sempre que do outro

Espero receber

A atenção que somente eu

Percebo precisar

Aprendi que o que dou

Nem sempre volta

Por não ser nem percebido

Percebi que sempre há lágrimas

Quando deixo nascer ilusão

Percebi que tendo os pés no chão

Evito um pouco a desilusão

Aprendi a antever os momentos

E vestir a ocasião

Não porque não sinto

Mas ao outro não dou permissão

Pra que meus olhos fite

E neles veja a dor do não

Antes que isso

Dou a falsa impressão

De que nada me afeta

Mantendo-me ereta

Diante o coração com uma flecha

Que o atravessa

Fazendo-o quase parar

E ao peito sangrar

Mas aprendi fingir

Dar o sorriso mais aberto

Pra que apenas fique perto

O tempo da despedida

Sem que a lágrima ganhe vida

E grite, em agonia

Que minha tristeza é de dor

Mas aprendi a ser só

Porque só sempre fui

E no tempo que flui

Menti dizendo não ser só

Aprendi a ser só

Pra que só te deixe ir

Aos lugares que desejam a ti

E te movem a sorrir

Aprendi a ser só

Soltei tuas mãos

Prendi em meu peito o coração

Pra que você sorrisse então

Aprendi a ser só

Guardei-me no silêncio

De quem em um incêndio

Vê a alma flamejar

Só não sei

Se este só

Que me tem por tempo infinito

Percebe o meu grito

Não aprendi a ser só

Só é o que sou

Só vivo

Choro minha dor

Só estou

Minto por não haver sabor

Na companhia cheia de desamor

E por isso é só

E só estou

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 05/11/2021
Reeditado em 05/11/2021
Código do texto: T7379238
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