Entorpecente

Eu te amei até a exaustão...

Quebrei minhas próprias pernas em nome de uma alegria mentirosa.

Comedi, quando eu precisava falar...

Sufoquei, quando eu precisava gritar.

E em nome de um amor surdo, fui vencida pelo cansaço;

Furei meus olhos; arrastei barriga no asfalto;

Estraçalhei cobras vivas dentro de mim;

Morri inúmeras vezes, quando pensei que vivi.

Um amor assim, maledicente, tóxico, entorpecente...

Engoliu-me a voz, engasgou-me até dá nó.

Regurgitei, sangrei, violentei meu peito na esperança de que nele você quisesse habitar... tudo em vão!

Feriu-me de tal forma, que precisei te arrancar de mim, com tanta fúria,

Rasgando pele, dilacerando-me inteira...

E o auto-flagelo tornou-se pequeno demais perto de toda a dor que me causou...

Regurgitei o teu falso amor, como féu em língua morta.

Tua força sobre mim, matou-me dia após dia, roubou-me as alegrias...

Sobrevivi à ilusão de ter vivido um "grande amor", pérfido amor!

Pura ilusão, foi imprimir o meu querer em ti.

Brenda Botelho
Enviado por Brenda Botelho em 22/09/2021
Código do texto: T7348093
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