Entorpecente
Eu te amei até a exaustão...
Quebrei minhas próprias pernas em nome de uma alegria mentirosa.
Comedi, quando eu precisava falar...
Sufoquei, quando eu precisava gritar.
E em nome de um amor surdo, fui vencida pelo cansaço;
Furei meus olhos; arrastei barriga no asfalto;
Estraçalhei cobras vivas dentro de mim;
Morri inúmeras vezes, quando pensei que vivi.
Um amor assim, maledicente, tóxico, entorpecente...
Engoliu-me a voz, engasgou-me até dá nó.
Regurgitei, sangrei, violentei meu peito na esperança de que nele você quisesse habitar... tudo em vão!
Feriu-me de tal forma, que precisei te arrancar de mim, com tanta fúria,
Rasgando pele, dilacerando-me inteira...
E o auto-flagelo tornou-se pequeno demais perto de toda a dor que me causou...
Regurgitei o teu falso amor, como féu em língua morta.
Tua força sobre mim, matou-me dia após dia, roubou-me as alegrias...
Sobrevivi à ilusão de ter vivido um "grande amor", pérfido amor!
Pura ilusão, foi imprimir o meu querer em ti.