RENOVADAS ILUSÕES

E como não pudera ser mais

do que um mero desejo,

despedacei-me no teu silêncio

e me recolhi ao ventre mudo da desilusão.

E do ventre

me fiz vento,

me fiz verbo

tentando, em vão, conjugar o esquecer,

como se a minha gramática

obedece a simples sintaxe

de frágeis resignações.

E como não soubera mais ser aquilo

a qual à minha dor me fora destinado,

recompus-me novamente

numa nova ilusão

Pois do útero que fecundara

tantos vazios

não haveria (tomara!)

de ter preservado o antigo embrião.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 05/10/2020
Código do texto: T7080237
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