RENOVADAS ILUSÕES
E como não pudera ser mais
do que um mero desejo,
despedacei-me no teu silêncio
e me recolhi ao ventre mudo da desilusão.
E do ventre
me fiz vento,
me fiz verbo
tentando, em vão, conjugar o esquecer,
como se a minha gramática
obedece a simples sintaxe
de frágeis resignações.
E como não soubera mais ser aquilo
a qual à minha dor me fora destinado,
recompus-me novamente
numa nova ilusão
Pois do útero que fecundara
tantos vazios
não haveria (tomara!)
de ter preservado o antigo embrião.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
Direitos reservados.