O ESPANTALHO
Sou espantalho
Afugentando a tristeza
Braços abertos ao sol
Estático e inócuo.
Também na noite pálida,
Abrigo desencontros.
Sou refúgio do desalento,
Cumplice cego do silêncio.
Encerra em meus lábios
O pranto de eras.
Aleluias imemoriais
de palavras desnecessárias.
Testemunho descrente
a apatia lunar.
Minha ultima tristeza
esquecera de mim.
Em vigilia vigio
os sentidos
cinco, dez, vários
Feixe de palhas ao vento.
Junto com meus ossos-folha
Velamos a noite.
Como rosa dos ventos,
Mastigo todas as direções.
Passáro leve
Pousado em meu ombro,
Asas partidas por
Não saber onde ir.
Bate asas também dentro de mim,
O querer voar, enfim,
Nem trabalho nem sonho,
Apenas, sina de espantalho.
T@CITO/XANADU