Milhões e milhões de seres

...e sabe

Às vezes eu queria ser sempre assim,

Ter alguma coisa boa pra falar,

Capaz de comover alguém.

Mas o que acontece

É que as pessoas

Já tem suas próprias opiniões,

Não ligam pro que a gente diz

Mesmo que o que viemos a dizer

Seja causado por uma sensação incomum

Nascida no cerne de teu ser

Que de alguma forma

Parece te revelar,

Como se você

Se encontrasse

Na vida física,

Mas, e, principalmente, na vida metafísica...

Então o júbilo é tão grande

Que você tem ganas de gritar

Porem você está tão embrenhado em si mesmo

Que nem percebeu quando caiu na escuridão de seu ser

Ai é que tudo se revela,

Você olha pra todos os lados,

Pras alturas e pras profundezas,

Isso dentro de si mesmo,

E ver milhões e milhões de seres,

Com milhões e milhões de corações...

A escuridão é tremenda,

Mas você de alguma forma inexplicável

Consegue vê-los,

Talvez porque os sinta muito fortemente,

São tantos...

E esses seres cada um distinto e disforme

Não são teus desconhecidos ou as pessoas que tu esqueceste

Não são as pessoas que você vai conhecer,

Nem um daqueles que já morreu...

Todos eles,

De olhos reluzentes,

Cada um deles és Tu,

E tu estás lá entre eles

Sem conhecê-los,

Mas conhecendo-os

Então...

Todos eles

De olhos reluzentes

Cada um deles és Tu

E tu estás lá

Entre eles

Sem conhecê-los

Mas conhecendo-os...

Eu não sei

Onde tudo isso leva.

Mas quando eu falo

É como se um daqueles seres se libertassem,

Sim, pois todos gritam,

Vivem presos,

Há uma enorme corrente atada aos seus tornozelos

E a uma gigantesca esfera de chumbo de 1 km de raio...

Sabe

É assim que é

Quando falo,

Assim como estou falando agora

Parece que o meu eu estático e morto

Aquele que não sabe nunca o que fazer,

Aquele que não sabe nunca

Para onde dar o próximo passo na vida

De repente

Ele se torna capaz de cantar

E é esse canto que quebra as correntes

E faz reviver os seres da escuridão...

São muitos

Não sei se viverei suficiente

Para libertar meias dúzias deles,

Por que eu nem sempre sei cantar

Mas é um cemitério meu coração...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 09/10/2007
Reeditado em 11/10/2007
Código do texto: T687700
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