Milhões e milhões de seres
...e sabe
Às vezes eu queria ser sempre assim,
Ter alguma coisa boa pra falar,
Capaz de comover alguém.
Mas o que acontece
É que as pessoas
Já tem suas próprias opiniões,
Não ligam pro que a gente diz
Mesmo que o que viemos a dizer
Seja causado por uma sensação incomum
Nascida no cerne de teu ser
Que de alguma forma
Parece te revelar,
Como se você
Se encontrasse
Na vida física,
Mas, e, principalmente, na vida metafísica...
Então o júbilo é tão grande
Que você tem ganas de gritar
Porem você está tão embrenhado em si mesmo
Que nem percebeu quando caiu na escuridão de seu ser
Ai é que tudo se revela,
Você olha pra todos os lados,
Pras alturas e pras profundezas,
Isso dentro de si mesmo,
E ver milhões e milhões de seres,
Com milhões e milhões de corações...
A escuridão é tremenda,
Mas você de alguma forma inexplicável
Consegue vê-los,
Talvez porque os sinta muito fortemente,
São tantos...
E esses seres cada um distinto e disforme
Não são teus desconhecidos ou as pessoas que tu esqueceste
Não são as pessoas que você vai conhecer,
Nem um daqueles que já morreu...
Todos eles,
De olhos reluzentes,
Cada um deles és Tu,
E tu estás lá entre eles
Sem conhecê-los,
Mas conhecendo-os
Então...
Todos eles
De olhos reluzentes
Cada um deles és Tu
E tu estás lá
Entre eles
Sem conhecê-los
Mas conhecendo-os...
Eu não sei
Onde tudo isso leva.
Mas quando eu falo
É como se um daqueles seres se libertassem,
Sim, pois todos gritam,
Vivem presos,
Há uma enorme corrente atada aos seus tornozelos
E a uma gigantesca esfera de chumbo de 1 km de raio...
Sabe
É assim que é
Quando falo,
Assim como estou falando agora
Parece que o meu eu estático e morto
Aquele que não sabe nunca o que fazer,
Aquele que não sabe nunca
Para onde dar o próximo passo na vida
De repente
Ele se torna capaz de cantar
E é esse canto que quebra as correntes
E faz reviver os seres da escuridão...
São muitos
Não sei se viverei suficiente
Para libertar meias dúzias deles,
Por que eu nem sempre sei cantar
Mas é um cemitério meu coração...