DORES RECORRENTES

Há dores que dilaceram a alma

A agonia de me rasgar por todo lado

Para exorcizar demônios do passado

Que teimam em arrastar suas correntes.

Nas recidivas da saudade convalescente

Desamores vão no curso das torrentes.

No ritual de expulsão,

Na ceia duma solidão,

Na teia da desilusão,

A veia sofre pulsação

O sangue jorra descompassado

Meu coração bate tão apressado

O corpo no jazigo, despedaçado

De um tempo que na impostura

De amigo, tornou-se desgraçado

E na triste e dolorosa escultura

Que foi duramente esculpida

Com o mármore dessa partida

O que sobrou de toda desdita?

Foram os vários pedaços

Os incontáveis estilhaços

Da sua ausência, cruel abraço

Que asfixiou meus versos

Que sufocou todo o meu traço

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

(Direitos reservados. Lei 9.610/98)

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 20/09/2019
Código do texto: T6750002
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