DORES RECORRENTES
Há dores que dilaceram a alma
A agonia de me rasgar por todo lado
Para exorcizar demônios do passado
Que teimam em arrastar suas correntes.
Nas recidivas da saudade convalescente
Desamores vão no curso das torrentes.
No ritual de expulsão,
Na ceia duma solidão,
Na teia da desilusão,
A veia sofre pulsação
O sangue jorra descompassado
Meu coração bate tão apressado
O corpo no jazigo, despedaçado
De um tempo que na impostura
De amigo, tornou-se desgraçado
E na triste e dolorosa escultura
Que foi duramente esculpida
Com o mármore dessa partida
O que sobrou de toda desdita?
Foram os vários pedaços
Os incontáveis estilhaços
Da sua ausência, cruel abraço
Que asfixiou meus versos
Que sufocou todo o meu traço
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
(Direitos reservados. Lei 9.610/98)