ELA SE FOI
ELA SE FOI!
(O que me resta fazer?)
.
Onde está você?
Não vejo mais o seu brilho
Nas estrelas dos meus olhos
Foi cintilar noutras constelações
.
A minha dor conjuga comigo
No verbo desse meu sofrer
A saudade só encontra abrigo
Nos labirintos da sua ausência
.
Onde eu me perco e me acho todo dia
Em novas desilusões, repaginada agonia
E nessa interminável penitência
O fio de Ariadne acaba sendo a poesia
.
Os meus passos
Se encurtaram,
Se encharcaram
Na correnteza das lágrimas
E se afogaram em lástimas
.
No redemoinho da solidão
Que tudo atrai, que tudo suga
Quando nem mesmo uma fuga
Preenche o vazio do coração
.
Onde você está?
Minhas ilusões já não conseguem
Mais te acompanhar, insisto!
Não corra assim tão velozmente!
Pois nessa corrida tão louca
Entre o desejo e o meu grito
A minha voz ficou tão rouca
E teu silêncio chegou na frente!
.
E agora cansado
Ferido, esgotado
Vejo o tempo, com sede
Descrever na circunferência
Do relógio desta parede
.
Na volta do ponteiro
360 graus num galope
Um golpe bem certeiro
Um derradeiro golpe
.
Meu tempo se esvaiu,
Foi germinar em outro solo
E se evadiu, mudo, desta vida
Com ele, não mais converso
.
E enquanto não chega
A vez da minha partida
Eu me resigno e me consolo
Deito e me encolho no colo
Do meu fiel e solidário verso!
.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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