Os passos do silêncio não ecoam
Estou no meio duma multidão pisoteando apressados passos que alheios a minha presença nem notam que eu também estou ali, sou parte deles (ou pensei que fosse)mas estes nao me vêem, nao me notam e me excluem.
Será que (de fato) algum dia me viram como parte deles?
Não, eu acho que não. Por forca circunstancial, apenas aceitaram-me mesmo sabendo que eu nao era raiz ali plantada. Eu apenas apareci achando que também poderia apressar meus passos ao lado de tantos ourivesaria dados.
Ledo engano.
Tornei-me invisível aos olhos de muitos.
Sozinho, (num semblante que fazia lembrar o rosto triste de Chapplin no cinema mudo do meu existir) tentei sorrir da minha própria piada, como se tentando alegrar meu falso riso.
Nao! Eles nao vão rir da minha piada, e nem dançarão ao meu ritmo alegre que trouxe para lhes presentear
Quem sabe possam sim, (mesmo sem me enxergar) por minhas costas rirem de mim.
O adeus, há tempos, ja me fora dado, e eu é que (levado pela santa inocência do amor sentido e dedicado)nao quis entender e tampouco aceitar.
Os passos, onde estão os passos deles que nao mais sonorizam aos meus ouvidos, onde estão?
Pena, ja se foram, estou só, sempre estive só, nao fossem ágeis mãos de mestres que acolheram e deram vozes aos rabiscos que desenhei ao longo do caminhar.
O amor, ahhhh aquele amor sentido, é apenas um mono sentir, onde somente eu sei e guardo no peito que hoje nem companhia para chorar encontra, pra dividir um pouco dessa rejeição.
Estou aprendendo a duras penas, o que nunca na vida pensei em ter coragem de dizer: Adeus.
Adeus passos silenciosos, egoístas e mudos, obrigado por tirar dos meus olhos à venda, agora ensina-me, nao mais com tanta frequência (como por toda vida o fiz) esquecer teu nome de pia que fora em minha fronte batizado pela doce voz daquela que um dia, cedeu-me seu colo como mãe.
Carlos Silva
05/01/2019