Eu morro em cada letra que escrevo
Quem pode achar-se necessário para este mundo?
Quem pode achar um motivo verdadeiro para viver
Um motivo real
Que não seja um sonho
Que NAO seja algo sempre à frente, no futuro...?
Quem pode encarar a própria alma sem desesperar?
Quem pode ver o que passou sem se arrepender,
Quem pode andar sem tropeçar
Em sonhos, aqueles sonhos que se deixou morrer?
Quem não viu num rosto novo uma possibilidade?
De se encontrar, de sonhar de novo, de ter outra
Vida... para depois morrer novamente?
Sim, por que ninguém vive, todo mundo morre...
E morre-se muitas vezes,
A cada vez que se ama...
Amar. Está amando é está vivendo,
É andar sem se dar conta da estrada,
É esquecer, esquecer o mundo e o povo,
Mas principalmente a si mesmo...
A morte vem quando nos deparamos sozinhos,
Sem ninguém a receber o nosso amor
Sem ninguém que posso esconder a nossa dor...
Quem pode achar-se necessário para este mundo?
Quem é tão forte que consiga resistir à solidão
Sem enlouquecer?
Quem é tão forte que não tenha nenhuma cicatriz
No coração? Quem? Quem?
Quem é tão importante
Cuja falta faça com que o mundo deixe de ir adiante?
Eu morro em cada letra que escrevo
Em cada verso vai uma parte de mim
E assim vou me desfazendo aos poucos
Para não espantar ninguém com o meu fim...
Assim um dia vai chegar
E olhos ainda brilhantes não me verão
Mas meus versos estarão gravados
E neles o tamanho de minha solidão...