E há em tudo isso
Essa vida de mortalhas
Grandes requintes de crueldade.
Como uma peça escrita por um sádico.
Um anoitecer eterno
O sol que nunca mostra a cara
Um rio de águas sujas
Lamacentas.

...E questionas o porquê da minha acidez?
Não entendes os meus versos!
Não são meus versos
Meus versos sou eu.
Nus
Crus
Expostos
Despidos de todo artifício.
Casa de vidro.
...Sem graça.
Isenta de segredos
Prazer algum para um Voyeur ...

Não.
Não podes conceber minha poesia
E nem poderia 
És muito para mim
Sou infinita demais para ti
Em mim não há portas trancadas à chave
Escancaro meu mundo
E como é insano este mundo!
Nem imaginas.

Porque o teu mundo diverge do meu
Não conheceste o grande mal do dia
Nem vislumbraste a paz da aurora
Só os poetas o conhece
Só os poetas a sentem.
O poeta é o grande pária das estradas
O andarilho em meio aos redemoinhos
O sem teto do amor
Aquele que sente toda a saudade
Aquele que anseia toda a verdade
...Mas não a possui
Nunca.
Nada é verossímil ao poeta! 
Tudo é quimera
Duvidoso
Ilusório.
Intenso
imensamente intenso.

Então
Não tente desmembrar meu poema
Ele é translúcido demais
Não o podes dissecar,
muito menos
o ver.


Imagem: Pinterest 
Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 26/12/2017
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