A MORTE DOS SONHOS

Já despi as utopias do meu eu quebradiço

Já descalcei minhas esperanças

Já borrei a pintura da aquarela

Já desdenhei das tardes de mar e sol

Já esqueci-me de me deslumbrar com a vida.

Sonhos são cristais que se estilhaçam

Não há uma forma de remenda-los e se por acaso

o fizer, jamais serão como antes.

Despedaçaram-se meus sonhos

Ei de cola-los novamente?

Não

... Estão perdidos nas sendas do tempo!

Numa certeza abismal de quem já não pode querer o riso

Perplexidade ante o desdobrar de toda uma vivência

Estupefação diante da conclusão de quem nunca sentiu o amor

Apenas a sombra de sentimentos ambíguos

Mascarados de carícias de mãos frias no rosto

e toques sem calor nos cabelos amaranhados...

Não

É tarde!

É tarde demais para buscar imagens oníricas nas minhas noites

Deixem que a penumbra se apodere do recinto úmido

e que apenas o poema voe.

... O poema é livre prá sonhar

Eu não.

Anna Corvo

(Heterônimo de Elisa Salles)

(15/12/2017)

Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 15/12/2017
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