A DOR DO POEMA AUSENTE
Hoje o poema se faz arredio
Foge de mim tal qual borboleta no jardim
Tão belo...
Se escondeu entre as frestas do teclado
Se insinua mas não se revela em versos tristonhos
Mas não desejo as rimas descontentes, hoje
Nem almejo rimas; seria pretensão a minha, hoje
Queria apenas a poesia simples, hoje,
que dissesse do meu medo,
do enredo da minha vida,
dos pontos mal bordados na tecelagem do tempo,
do que perdi por medo de sofrer,
do que sofri por medo de viver,
do que não vivi
e do que não deveria ter vivido...
Mas as palavras fogem apressadamente
Ainda o pensamento não me chegou à mente
e já não mais o posso descrever!
Dói a poesia fugidia
Dói a lamúria destes dias
Dói nem mesmo poder fingir o verso
Dói.