Chão de Terra - um poema torturado

A cama e a janela

uma calcinha rota sobre a colcha

no guarda roupas - somente cabides pestilentos

a cortina, sozinha voava

feito borboleta ao fim de seus dias

Na mala carcomida

trapinhos coloridos, sem rostos -

na expressão do abandono

desce a lágrima

Sandália furada na terra batida

foram-se as pegadas (tantas que...)

nenhuma "colheita" a mais foi rompida

sobre o sangue da virgem,

só lembranças fétidas

Sobre a cômoda órfã

apagada está a lamparina

só contornos no escuro

tantos sonhos...

tantos dias -

noites vazias de amor

Na espreita, atrás da porta

um olho fincado na madeira, espia:

Morte? Não tenho certeza...

Talvez... Seu amante!

Lucinha Oliveira
Enviado por Lucinha Oliveira em 15/01/2017
Código do texto: T5883065
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