Ora, me dizes: Sê feliz!
Mas me negas a definição de felicidade!
Nem me afirmas se existe de verdade!
O que é a felicidade senão um vislumbre, apenas,
de eternidade, um sopro de Deus na ferida,
um engodo para tão louca e torpe vida,
um conto ligeiro que se esvai por entre os dedos,
um bater de asas de borboletas;
rápida e impalpável como os cometas!
Felicidade é bicho arredio e fugidio!
Desejada como o mais precioso diamante
Mas que quanto mais se busca, mais se torna distante
Promessa feita entre lençóis de cetim, e não cumprida
Um olhar penetrante, em meio à multidão, mas que
logo se perde__ Rastros de vazio e solidão!
Gomo frutal que chega doce à língua, mas que ganha
sabores de amargura, tão logo se estende ao paladar...
Ahhh, felicidade, meu bem...Não creio que há!
Não quero comprar esta utopia!
Antes vivo a possibilidade da minha solidão em poesia
Sou assim...,Triste e plena de ilusões doces, apesar de vazias
Na ambiguidade do meu eu, isso me é suficiente...
Não quero abraçar ideias impossível e inatingíveis
Estou velha para tentar escalar montanhas intransponíveis
Sei que me julgas fraca__ Mas não sou!
Desistir de sonhar foi a forma que encontrei de não ser tão vulnerável!___ E na minha vaidade, acho isto até louvável!
Felicidade são sonhos de criança...
E eu cresci bem cedo...Creia-me, foi assim!
E quanto à ti, nobre amigo...
Canta tua felicidade aos quatro cantos da terra!
Se creres nela, ela é tua... Amante doce, suave e nua...
E que jamais sejas traído por tão encantadora donzela...
E no dia em que a trouxeres à mim, traga-a numa bandeja de prata___ Solene, de olhos fixos no meu olhar, fiel e sensata...
...Esta é a forma em que nunca a vi!
As outras passam nos rabos dos ventos
em todos os momentos e, segundos do meu tempo,
diante de mim.