Sangria

Balas melancólicas cortam meu céu estrelado

O cheiro de morte invade meu quarto.

Vejo uma estrela cadente faço um pedido de vida

Tolo, me apego a uma estrela suicida

Tão perdida e sem esperanças quanto a mim

Que deslumbra o menino do passado correndo em uma rua sem fim.

Uma rua feita de sonhos, verdades e ilusões

Um menino movido sem dor alguma pelas suas paixões.

Mas o menino está morto, como a estrela que cai

Pois, toda maçã, dada por um adulto, a doçura subtrai.

E vejo no presente que não há menino

O que há neste quarto são fantasmas e um mendigo

Mendigando as estrelas uma vida

Afogando a sensação de impotência em doses de pinga

Para aguentar a solidão do quarto e da cama fria

Repleta de estrelas caídas sem brilho e sem vida.

E não há culpados além de mim

Sou o responsável pelo meu fim

As balas melancólicas saem do meu peito

E as estrelas que ainda brilham são acertadas em cheio

E caem para não terem que ficar na frieza de um céu sem brilho.

No entanto, vejo que morrer é lindo.

Por isso, faço da minha cama um cemitério

De estrelas suicidas feridas por mim, portador do tédio

De não se aguentar todas as noites. Mas quem se aguenta?

Por isso, existe os puteiros, os destilados, o terço e a água benta.

Para não ouvir o nosso silencio que ecoa nas paredes do nosso quarto

Ferindo estrelas, transformando a noite em um parto.

Onde todos nascerão mortos, como o menino que vejo. Será que ele existiu?

Deus antes de ir, olhou para mim e sorriu.

Foi comprar cigarros e me deixou sentado nesta calçada

Que agora é meu quarto e tem uma cama e uma alma penada

Criada e batizada por mim.

Balas melancólicas cortam meu céu que já não é estrelado

Durmo sozinho, mas queria ter alguém ao meu lado

Ainda que fantasmas ter não um menino, mas dois correndo na rua sem fim

E assim, pedir ao amanhã que não espere mais nada de mim.

Quixote
Enviado por Quixote em 03/09/2015
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