Deixe-me

Veio a mim sem rebeldia, veio afundar-me em profundos lagos

Traga-me os beijos que lhe dei, devolva-me todos os afagos

Deixe as malas no corredor, que eu mesmo as refaço

Se puder não olhe pra trás, evito sentimentos tão devassos.

Abra a porta de meu quarto, veja-me na cama e vá embora

Não te quero nem em um olhar, contente-se em ser a outra agora

Fez de tudo em minha presença, abusou-me em teus caprichos

O que sentia lancei ao esmo, e as suas lembranças arremessadas no lixo.

Ao seu lado posso até estar, em um passeio pelas ruas sem comprometimento

Talvez possa dar-lhe um beijo em teu rosto, e conversar sobre lamentos

Imagino que um só não há de querer, pois me assola em desejos como um vício

Se reclamo e não clamo por teus carinhos, desfigura-se em segundos perto do nosso edifício.

Até quando hei de suportar? Se não gosto dos conceitos desse amor

Até quando hei de debater com aquela que por mim nunca chorou?

Eu prefiro a solidão ao teu calor, as angústias dilacerantes as suas palavras a me declamar

E se prefiro estar nesse recanto insólito e hostil, é porque você nunca soube a essência do amar...

Alexsandro Menegueli Ferreira- 02/11/02