Destino de um narcísico
Nas teclas pretas de um piano,
Expressei as piores tristezas da vida.
Nos bemóis matei sonhos,
Chorei com despedidas.
Hoje solitários bemóis,
Ontem alegres allegros com nós dois a sós.
Hoje, velho, sozinho… Acabado!
Ontem, belo, magnífico… Sempre acompanhado!
Hoje pago às pragas a mim rogadas,
“Poeta estúpido, Será mais um derrotado!”
O passatempo é escrever…
A vontade de sonhar….
A não vontade de viver…
A incapacidade de amar
E o medo das “três irmãs do poeta” receber.
As vezes me acho otário!
Tenho tanto medo
da terceira irmã do poeta,
Que o dia que mais temo, é meu aniversário.
O que resta?
Quase nada!
A música que não presta,
A arte assassinada.
Se ainda oro?
Todas as noites.
As vezes choro,
Pelas vidas resumidas a horrores.
Por que reclamo?
É o meu desabafo.
Se ainda amo?
Sem comentários…
Sozinho?
Pois mereci.
Hoje sonho com os sonhos vendidos,
Sonhados e não sonhados,
Caros e baratos,
Os quais quis e não quis.
O leitor se pergunta,
“Por que eu li?”
O poeta pensa,
“Que merda de poesia!
Nem sei por que escrevi.”
(As três irmãs do poeta, a indiferença, a fome e a morte)