Cortes

Cada boca assassina,

Que se insinua na pele,

Uma maldita sina,

Que ao corpo se adere.

Forma uma tez de zebra,

Repleta de fissuras,

Tendo a dor como certeza,

Causando pequenas rupturas.

O apetite insaciável,

Expondo a carne,

Um hiato incansável,

A alegria do desastre.

Penas em forma de dilema,

Formando portais dilacerantes,

Com aparência de uma doença,

Abrindo feridas cortantes.

Cada golpe da lâmina invisível,

Espalha o flagelo reprimido,

Numa lógica do previsível,

Lacerando o sujeito oprimido.

Os pulsos são o próximo passo,

Deixando transbordar um rio vermelho,

Fazendo da meia lua um compasso,

Onde flui a vida sem a sombra do medo.

Escapando por cada abertura,

Vazando aos poucos no mundo,

Aderindo à própria loucura,

Forjando seu próprio túmulo.

Até o golpe final,

Que degola a jugular,

Como último sinal,

Desse suicídio vulgar.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 23/08/2014
Código do texto: T4933779
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