Cortes
Cada boca assassina,
Que se insinua na pele,
Uma maldita sina,
Que ao corpo se adere.
Forma uma tez de zebra,
Repleta de fissuras,
Tendo a dor como certeza,
Causando pequenas rupturas.
O apetite insaciável,
Expondo a carne,
Um hiato incansável,
A alegria do desastre.
Penas em forma de dilema,
Formando portais dilacerantes,
Com aparência de uma doença,
Abrindo feridas cortantes.
Cada golpe da lâmina invisível,
Espalha o flagelo reprimido,
Numa lógica do previsível,
Lacerando o sujeito oprimido.
Os pulsos são o próximo passo,
Deixando transbordar um rio vermelho,
Fazendo da meia lua um compasso,
Onde flui a vida sem a sombra do medo.
Escapando por cada abertura,
Vazando aos poucos no mundo,
Aderindo à própria loucura,
Forjando seu próprio túmulo.
Até o golpe final,
Que degola a jugular,
Como último sinal,
Desse suicídio vulgar.