Dores

Se as dores falassem,

A respeito daqueles dias,

Como se o mundo negasse,

O que antes pensei ser vida.

Na depressão dos pensamentos,

Desconstruídos feito pedras,

Caindo em um desabamento,

Dos montes de nossas tragédias.

Prevendo o próximo infortúnio,

Pelas palavras do profeta medonho,

Que se mostra pessimista em tudo,

Transformando pesadelos os sonhos.

Vendo nos rostos espelhos,

Faces de olhos baixos,

O chão esconde os segredos,

Endurecendo os magos.

As esperanças desiludidas,

Esquecidas propositalmente,

Já que o futuro é uma agonia,

Ao suicida do tempo presente.

Espremido no mundo,

Que parece uma bola de papel,

Amassada e sem uso,

Comprimindo o espaço do céu.

Esmagando a aquarela da arte,

Que sufoca em gotas púrpuras,

Anunciando um vulgar desastre,

Travando aquela selvagem luta.

Compondo a platéia de mendigos,

Já que todos fazem parte disso,

Buscando no mais íntimo do lixo,

Um resquício do mito corrompido.

Ouvindo a música das lamentações,

Que ecoa pelos pátios desertos,

Arrebentando nos muros as orações.

Todo desiludido sem amor é sem teto.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 22/03/2014
Código do texto: T4739880
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