Nas águas do mar da vida.
Um barco a deriva,
Um povo gritando viva,
Saudando com emoção,
Enquanto as águas invadem
Devastando sem piedade
Tão gelados corações.
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Não deixe me naufragar
Que estas águas não dá pé.
Neste barco em inundação,
Eu sou um homem sem fé
Não adianta dizer glórias
Nem fazer-me orações.
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Só quero desta vida
O direito de viver.
Quero findar estes dia
Aproveitando pra valer.
Quero correr pelos campos,
Ver as matas e as serras
Os pássaros e seus encantos.
Da morte não tenho medo,
Mas eu não quero morrer.
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Quando eu ficar velhinho,
Quero um bom lugarzinho
Neste teto estrelado.
Quero um Deus de meu lado,
Um anjo belo e dourados
Ensinando os caminhos
Que eu devo percorrer.
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O arquiteto lá do céu,
Está construindo pra mim,
Uma casinha singela
Sobre a luz de um luar.
Cheia de felicidade,
Sem tumulto e sem maldade,
Para não me preocupar
Com o dia de amanhã,
Que haverá de raiar.
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Mas eu sentirei saudade
Quando me lembrar desta
Terra.
Das belezas que se encerra;
Cores ventos e natureza,
Meus amigos quem me dera
Nunca mais eu ei de ver.
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Nesta minha vida ativa,
Neste planeta terra,
Em plena paisagem vivas,
Neste horizonte vermelho
Nas sombras dos coqueirais,
É que eu gostaria de morrer.
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O barquinho navegava
Lá nas ondas do oceano,
Agora submergido nas
Profundezas das águas.
Eu sei que chegou a hora
Eu tenho que ir embora,
À caminho das estrelas
Lá eu me encontrarei.
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Estou com os meus olhos
Parados.
Sereno e se fechando,
Tudo está escurecendo.
Esta morte traiçoeira
Cegou-a minha visão.
O barco que navegava
Perdeu se na escuridão.
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Vou saindo sorrateiro
Atendendo um convite.
Meu pai está me chamando,
Estou partindo deste mundo
Em lamentos e conflitos
Em completa solidão
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Em viaje ao infinito aqui fica
Minha história.
Um suspiro derradeiro,
Bradando em altos gritos,
sem doer e sem chorar
Num lugar bem reservado,
nesse abrigo tão seguro
com meu pai vou morar.
Antônio Herrero Portilho.
março de 1.913.