GOSTO AMARGO
Desculpa-me este olhar frio,
Este meu pesar, este meu letargo,
Este atonia, esta alma que sobe o rio,
Esta intempérie, este gosto amargo.
Desculpe, não tenho mais sonhos,
Desfiz as razões dos desejos e fins.
Minhas desilusões refizeram redemoinhos,
Pelos meus caminhos até os confins.
Desculpe-me este corpo frio,
Não existe mais vida, e a alma,
Estar em confronto, sem brio,
Entre os escombros, em calafrio.
Desculpa meus versos incertos,
Este discurso sem previsão,
Estou confuso, não sei ao certo,
Onde fica meu peito, o coração.
Desculpa este beijo amargo,
Destes lábios frios sem paixão,
Desculpe os sonhos, ilusão,
Contidos neste amor sem razão.