Poema In acabado
As rosas,
Desabrochando,
Pétalas leitosas,
De um vivo branco.
O vento despetala,
Ceifador aéreo,
Invadindo as frestas das casas,
Para anunciar seu desejo funéreo.
Os corpos que caminham,
Exibindo sua vivacidade,
Serão enterrados antes que digam,
Ao mundo as suas próprias novidades.
A esperança morta,
Nos olhos das crianças,
A visão torta,
Do labiríntico que tomba.
Elefantes de trombas cortadas,
Com aquela retidão facial,
Os marfins de colheitas podadas,
Um rio de sangue como manancial.
Leprosos peixes,
Que se desfazem em águas,
Poluídas diversas vezes,
Correntezas de fontes ácidas.
Os esgotos verborrágicos,
Inundam as mentes puras,
Como cheia de um trágico,
Temporal de línguas sujas.
Cães que usam os escoadouros,
Mordiscando a carne pútrida,
Fazendo das valas, bebedouros,
Arreganhando os dentes por súplica.
As plantas sangrando,
Com a seiva exposta,
Pelos machados cortando,
Suas vidas dolorosas.
Mães embalando,
Os abortos expelidos,
Com seios secos amamentando,
As bocas dos filhos famintos.