Valeta
Deixo, sim, eu deixo a vida,
Escorrer pela avenida,
Dessa valeta torpe e fingida,
Que busca sugar minha agonia.
Fodam-se os bons,
Com essas caras lavadas,
Com sorrisos de crepom,
Valetas de cores opacas.
Os falsos moralistas,
Se é que existe um verdadeiro,
Com suas bocas vigaristas,
Proferindo a morte por dinheiro.
Velhos jovens insossos,
Contorcendo as tripas,
Mancos de desgosto,
Expelindo as vísceras.
Tudo feito de merda,
Navegando no esgoto,
Que é a existência sincera,
De um sujeito muito escroto.
Cozinhamos as horas,
Em um banho maria ácido,
Faz queimar com a demora,
Tornando cada gesto fácil.
Dejeto grotesco que escorre,
Inundando mentes vazias,
Um mercenário de poucas posses,
Refletindo o espelho de sua apatia.
Cai e quebra essa face,
Os cacos dessa rota porcelana,
São vestígios de desastre,
Espalhados em mente insana.
Que as gerações seguintes,
Desapareçam por completo,
Essa herança é hediondo crime,
Rejeitado por vindouros fetos.