Quem és tu que passaste...
(leitura poética do Atu XIII, A Morte)
(leitura poética do Atu XIII, A Morte)
(do livro "Nos Jardins Sagrados", Canto III, prêmio Asabeça de Literatura, 2013)
© Dalva Agne Lynch
Quem és tu que passaste como se fosses real
arrastando atrás de ti os escombros do que pensei ser
e deixando em minhas mãos uma massa informe
tão impalpável quanto tu, mas ah, tão real quanto as notas
do vento tocando sinfonias nos altos ramos das árvores?
Perco-me em conceitos que não reconheço
em expressões antes nunca vistas em meu rosto
mesmo quando o vento me arrastava entre os escombros
do que acreditei ser e que no fim eram apenas escombros
sem que eu me achasse entre eles! Não, nem nos escombros!
O que me restou de tudo foi essa massa que carrego
que não sei onde deitar e que me pesa
e me pesa justamente por ser tão parte de mim
tão inseparável de mim quanto tu dos escombros!
Ah, que te pesem os escombros que arrastas
como se me pesa a massa informe que deixaste
não mais dentro de mim, mas exposta
vermelha e negra, contra a palidez do meu rosto!
Sigo - não há como não continuar seguindo -
mas tu, ah, tu também segues
para onde não sei, mas para muito longe dos céus
e da sinfonia dos ventos, eco dos Jardins Sagrados
onde descansam os que carregam massas informes
- como eu - de ingentes sonhos destroçados!
© Dalva Agne Lynch
Quem és tu que passaste como se fosses real
arrastando atrás de ti os escombros do que pensei ser
e deixando em minhas mãos uma massa informe
tão impalpável quanto tu, mas ah, tão real quanto as notas
do vento tocando sinfonias nos altos ramos das árvores?
Perco-me em conceitos que não reconheço
em expressões antes nunca vistas em meu rosto
mesmo quando o vento me arrastava entre os escombros
do que acreditei ser e que no fim eram apenas escombros
sem que eu me achasse entre eles! Não, nem nos escombros!
O que me restou de tudo foi essa massa que carrego
que não sei onde deitar e que me pesa
e me pesa justamente por ser tão parte de mim
tão inseparável de mim quanto tu dos escombros!
Ah, que te pesem os escombros que arrastas
como se me pesa a massa informe que deixaste
não mais dentro de mim, mas exposta
vermelha e negra, contra a palidez do meu rosto!
Sigo - não há como não continuar seguindo -
mas tu, ah, tu também segues
para onde não sei, mas para muito longe dos céus
e da sinfonia dos ventos, eco dos Jardins Sagrados
onde descansam os que carregam massas informes
- como eu - de ingentes sonhos destroçados!