Andando

Andava pela rua,

Sem ter o que pensar,

Vomitei carne crua,

Que comi naquele bar.

Estava cheio de bebida,

Ou o álcool cheio de mim,

Não sabia onde eu iria,

O que me fez vagar por aí.

Encontrei moradores,

De calçadas populares,

Papelões como cobertores,

Andei por todos os lugares.

Disputando os tocos,

De cigarros baratos,

Abandonados soltos,

Tabacos desperdiçados.

Fedendo a lixo,

Já que me sentia um,

No poste mijo,

Cão de rua, vagabundo.

Não me assaltam,

Só me espancam,

Orgulhos me faltam,

Os machucados estancam.

Sou a flor murcha,

Apodrecida,

Que nasce sob censura,

Vítima da vida.

As vitrines,

Com espelhos monumentais,

Pessoas chiques,

E nós, vistos como animais.

Ainda sinto o sabor,

Daquela carne de gato,

Que no beco alguém preparou,

Fingindo ser a do açougue, de gado.

Sem parentes,

Nada de história,

Mundo indiferente,

Afogadas memórias.

Resto de homem,

Feito os pedaços de vômito,

Ninguém mais come,

Apodrece nesse mundo manicômio.

Só vou conseguir chegar,

Até o próximo bar da esquina,

Uma nova dose após mendigar,

Rezando que não tenha um próximo dia.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 26/02/2013
Código do texto: T4161356
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