Professor

Aquele que padece na labuta,

Com giz aspirado pelas narinas,

Escrevendo sobre sua luta,

Prende a atenção com sua ginga.

A voz cansada de rouquidão,

Gestos ao ar para enfeitiçar,

Magister da sofrida Educação,

Sabe que é preciso ensinar.

Sofre pelos alunos rebeldes,

O salário mal dá para suas despesas,

Tenta forçar um sorriso alegre,

Faz da retórica a sua fortaleza.

Livros e didática repetida,

Existe um modelo institucional,

Não pode mudar a vida,

Por isso clama ao saber universal.

Na frente da classe se destaca,

Colocado de forma estratégica,

Olhar atento para evitar algazarra,

Palavras duras para conduzir na rédea.

Falta giz para escrever na lousa,

Alunos sentam no solo empoeirado,

Empolga-se com a turma vez ou outra,

Presta satisfação do que faz ao Estado.

Aquele ar sacerdotal foi esquecido,

É ridicularizado no ambiente de ensino,

Já não porta a pompa do prestígio,

O sistema faz apagar seu brilho.

Mecânica de aulas repetidas,

Aulas em três turnos,

Nunca cicatriza essa ferida,

Parece viver sem futuro.

Chamadas rasuradas,

Cobrança de resultados,

Pessoa desanimada,

Busca alguém para ser culpado.

Nos intervalos,

O café que não falta,

O falatório dos professorados,

Reclamam do excesso de aulas.

A experiência dos acomodados,

Que procura transmitir o cansaço,

Faço dos jovens, uns revoltados,

Sobram vagas e faltam indicações para os cargos.

Diplomas de cursos medíocres,

Negociações políticas para o exercício,

Muito profissional é humilde,

Esse é o magistério, uma espécie de martírio.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/08/2012
Código do texto: T3833209
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