JÁ FOI...
Então vivi uma mentira...
O amor só morava em mim,
Em você apenas se hospedava...
Suas malas sempre estiveram prontas,
Só bastou um chamado do deslumbre
Que partiu em desespero, em absoluta fascinação...
Se despiu na porta mesmo
De tudo que vivemos e pisou pesado
Nos meus sentimentos,
Talvez encontrou o seu verdadeiro amor...
Não sofro por isso,
Sofro por ter acreditado que era eu...
E assim me deixei levar uma vida inteira!
Meu Deus!... Que era eu
Quem seria sempre a sua casa!
Meus ouvidos espreitaram seus passos,
Cultivei o seu caminho de volta,
Cuidei do seu jardim...
E com isso deixei de cuidar de mim.
Mas meu coração jamais foi ateu...
Pois carrega a teimosia de sempre se encantar
Com as coisas mais simples da vida.
Sei que esse dom não há em você,
Por isso se cansou de viver ao meu lado.
Minha poesia nunca conseguiu vencer sua conta do mês,
Sua vontade “vil metal”, sua facilidade em morrer de tédio...
Hoje, já consigo ver novamente na chuva e no frio
A delícia de estar ao lado de alguém,
Curtindo apenas o instante de estarmos juntos,
O instante do beijo, do abraço, da conversa ao pé do ouvido...
Coisas que já não acendiam o sorriso em você,
O brilho dos seus olhos quando me olhava...
Que vá! Já foi...
Novamente o amor bate a minha porta...
Deixarei que entre e faça seu ninho.
Você me tirou muitas coisas,
Mas não conseguiu arrancar de mim
Aquele insistente tamborzinho
Que me canta todo dia, todo instante...
A música da vida.