Distante coração...

Meu coração está perdido,

Lhe enchem os vazios do universo,

Está vazio,

Mais vazio do que o pensamento

Mais vazio da mais vazia alma,

Da mais desprezada alma

Num momento de transfinita melancolia.

Circulante coração, nas tuas veias transitam fantasmas!

A cada batida se faz um velório,

E não há quem chore por ti,

Não há quem vele coração,

Olha-te só a ti mesmo a tua face lívida,

Só, tu apenas a silenciar por ti,

Sim, isso, tu de luto por ti mesmo!

Vazio, sim, metafisicamente vazio...

Coração distante,

Algum pensamento pode alcançar tua lonjura?

Algum pensamento pode de abraçar à beira do abismo?

Algum pensamento pode fazer que olhe para trás e analise se há outro caminho?

Algum pensamento pode te envolver?

Pode?

Tu deixas?

E esse canto triste no qual decompões as ilusões que teve um dia não pode ser ouvido...

As tuas pretensões nunca foram tuas

O amor que um dia te encheu, evaporou a cada queda,

A cada passo o que tu encontraste foi a morte, a tua morte...

Cada beijo que os anjos te deram foi para aumentar a tua necessidade

Cada sonho foi uma mentira

Que plantaram nas tuas terras estéreis,

Foi um engano, uma experiência, olha-te...

Olha-te a tua face derretida...

Vazio, sim, metafisicamente vazio...

Coração distante...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 28/12/2006
Reeditado em 28/12/2006
Código do texto: T330237
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