Entre sonhos..
Muitas vezes eu paro para pensar
Nas coisas que já se sucederam
E é então que me percebo a desejar
As coisas que nunca aconteceram
Assim, perdido entre esses sonhos,
Sinto-me imerso num intra-mundo
A levar nos ombros um ser tristonho
Que me parece não ser desse mundo
E esse ser sou eu, sou eu, um estranho,
Um desconfiado, como se me traísse
O meu coração, no qual me entranho,
E lá dentro dele num abismo eu caísse...
E assim caindo é que me sinto agora
Caindo como a noite sobre a cidade
Como se meu espírito saísse para fora
E se perdesse em busca da felicidade
O tempo me parece tão imperfeito,
Tão desordenada foi minha vida
Contemplo a mim, os meus defeitos,
As cicatrizes obtidas em dura lida
E penso que tudo poderia ser diferente
Poderia eu ter trilhado outro caminho,
E talvez agora me sentisse mais contente
A olhar o castelo de areia que fiz sozinho
Pesa-me nessa hora, nesse momento,
As reminiscências, fotos de outrora
Que me inundam o fraco pensamento
Como se a Morte me olhasse agora...