O sonho maior de todo Homem

Não sei, mas pressinto uma tempestade.

Meus sentidos aguçados

Fazem revolver todas as minhas células,

Físicas e metafísicas,

E eu estou sentido que o tempo,

Que sempre se mostrou pesado,

Agora me vem a toda força...

Um furacão está acordando dentro

De mim

E meu coração,

Sempre acostumado ao sentir muito,

Parece não está preparado para

Essa torrente que prevejo ali adiante...

Mas seja como for,

Indo ou ficando,

Restando ou não,

Não vou fugir,

Não vou fugir apesar de o medo

Só crescer e Crescer...

Gostaria de me fincar no chão

E te dar a certeza que vou estar aqui

Depois que a tempestade passar...

Gostaria de resistir a tudo

E depois, mesmo machucado,

Contemplar a mim mesmo

E dizer ao primeiro que me aparecesse,

Amigo ou não,

Desconhecido ou não:

“Ei, olha para mim, eu ainda estou aqui!”

“Eu resisti!”

Gostaria...

Mas, sabe, se o vento me levar,

Talvez eu goste,

Talvez entre os revolvimentos

Que me solaparem eu encontre

Os sonhos que tive,

E quem sabe o amor,

O sonho maior de todo Homem,

Deixe de ser,

Nesse momento de extrema dor,

Um segredo tão sutil...

Às vezes eu olho o horizonte

A esperar a tempestade

Que sei que vai chegar

E penso que depois dela

O céu será mais azul...

Não sei por que penso nisso,

Mas sinto prazer em pensar

Que tudo será melhor,

Melhor do que agora,

Melhor do que neste momento indeciso...

Os dias serão normais

E penso que farei mais amizades

E que num dia qualquer

Meus amigos aceitem almoçar

Comigo

E falar de coisas nas quais não mais cremos,

Do que já não somos,

Do que jamais seremos...

Poderemos cada um contar do nosso fracasso

E sorrir de tudo,

Porque rir de tudo será nossa vitória,

Ri de tudo

Como se fossemos loucos

A ri sem motivo,

Deixando, não o mundo todo,

Mas o mundo daquele que nos ver

Um pouco diferente...

Só depois da tempestade poderei

Dizer-te,

Se porventura tiver resistência

De querer ficar por aqui,

Como me resultei,

Como me modificaram os tufões...

Bem, tenho a impressão

Que caem os primeiros pingos de chuva

A alguns quilômetros daqui,

Por hora sinto um leve cheiro de brisa...

É tão bom senti essa brisa!

Diria eu ser ela formada

Por seres etéreos

A nos acarinhar com suas mãos transcendentes,

Como se nos preparasse,

Como se nos desse um último carinho...

Mas por fim

Que venha a tempestade,

Neste momento

Quero apenas sentir a brisa

E pensar que vou te encontrar

Daqui a algum tempo,

Por hora me vou,

Porque essa é minha maior vontade,

A de ir...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 22/12/2006
Reeditado em 22/12/2006
Código do texto: T325616
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