As folhas abandonadas...

Oh, anjos ou seres de outro mundo

Podeis vós dizer se falo idioma diferente,

Se poderei nessa vida terrena ser contente

Se um dia vai parar esse sofrer profundo...?

Oh, não me deixeis vós também na solidão,

Por que já não sei como agir nem pensar

Em meio a essa grande e desolada multidão

De seres que não entendem meu falar...

Será que a vida é um suspiro, um lamento?

Oh seres que estão do outro lado, etéreos,

Eu vos posso sentir, sinto as suas mãos

A tocarem em mim em plena desolação!

Isso nos comunga, uni nossos mistérios?

Dizei-me em qualquer linguagem

O que tenho que fazer aqui agora

Neste momento, nesta densa hora,

Se há um caminho que tenha aragem...

Porque meu ser se consome

Em dúvidas e mais questionamentos,

E a estrada em que ando some

Ouço apenas os ascos de meus lamentos

Se são anjos, se são do bem

Estendam-me a mão,

Não me deixem cair assim

Não me deixem no chão!

Se não são anjos, o que são?

São o que dizem esses humanos sem saber,

Seres que vem nos trazer a destruição?

Oh, revelem-se, sejam vocês o que ser!

(Eu achei que pudesse compreender

O que se vai no meu coração

Mas tudo é tão frágil

É tão tenaz a solidão...

Minha alma saiu

Não suportou a agonia de ser humana

E foi-se sem se despedir

E agora não sei onde possa estar...)

Oh, seres de olhos invisíveis,

Seres sem almas

Almas mortas ou elevadas

Comunguem-me a vós

Porque me sinto como

As folhas por uma árvore abandonadas...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 13/12/2006
Reeditado em 13/12/2006
Código do texto: T317459
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.