As folhas abandonadas...
Oh, anjos ou seres de outro mundo
Podeis vós dizer se falo idioma diferente,
Se poderei nessa vida terrena ser contente
Se um dia vai parar esse sofrer profundo...?
Oh, não me deixeis vós também na solidão,
Por que já não sei como agir nem pensar
Em meio a essa grande e desolada multidão
De seres que não entendem meu falar...
Será que a vida é um suspiro, um lamento?
Oh seres que estão do outro lado, etéreos,
Eu vos posso sentir, sinto as suas mãos
A tocarem em mim em plena desolação!
Isso nos comunga, uni nossos mistérios?
Dizei-me em qualquer linguagem
O que tenho que fazer aqui agora
Neste momento, nesta densa hora,
Se há um caminho que tenha aragem...
Porque meu ser se consome
Em dúvidas e mais questionamentos,
E a estrada em que ando some
Ouço apenas os ascos de meus lamentos
Se são anjos, se são do bem
Estendam-me a mão,
Não me deixem cair assim
Não me deixem no chão!
Se não são anjos, o que são?
São o que dizem esses humanos sem saber,
Seres que vem nos trazer a destruição?
Oh, revelem-se, sejam vocês o que ser!
(Eu achei que pudesse compreender
O que se vai no meu coração
Mas tudo é tão frágil
É tão tenaz a solidão...
Minha alma saiu
Não suportou a agonia de ser humana
E foi-se sem se despedir
E agora não sei onde possa estar...)
Oh, seres de olhos invisíveis,
Seres sem almas
Almas mortas ou elevadas
Comunguem-me a vós
Porque me sinto como
As folhas por uma árvore abandonadas...