E não se fez e se desfez...
Agora que nada já se fez e que tudo já se desfez
Não restou tinta para escrever minhas distrações
É uma pena não que haja mais as saudosas penas brancas
Para poder pingar gotas de sangue e escrever à paixão
Escreverei somente aquilo que restou de um sentimento
Um vazio assustador a lembrar de algo que não existiu
Corajoso eu fui e disso nunca me esquecerei
Como louco tentei andar sobre as águas ferventes da paixão
Como cego e surdo tentei ajudar velhinhos a atravessar a rua
Como mudo chorei por não conseguir gritar pedindo socorro
Até que de uma misera chama um incêndio brutal aconteceu
E esperanças às cinzas reduziu, nem um pobre enterro permitiu
O mais cruel é que o sonho morreu sem eu ter tirado o seu véu
Um véu de ilusão que sempre me escondeu o motivo desta saudade
Agora já não tenho mais saudade daquilo que foi real e se desfez
Tenho saudade é daquilo que foi um sonho e jamais se fez...