Que seja eternamente

Agora que você se foi

Restou o vazio

Que já havia em mim

Um vazio muito conhecido,

Mas sempre estranho

Que desconheço

O começo

E que parece

Que não vai ter fim

Por muito tempo

Ele esteve ausente

E, se algum mérito

Posso dar a ti,

Foi o de me dar

Essa ilusão de presente

Sonhar não é defeito,

É mais virtude,

E sonhei contigo

O quanto pude...

Mas são raros os presentes

Que não se esvaeçam

E o seu que me deu

Estava contaminado

E como que cupins

Que minam a madeira,

Também foram matando

O que havia em mim,

O sonho de uma vida feliz,

Uma vida que sempre quis...

Não posso te culpar,

Você é inocente,

O amor quando chega

Ao coração aos olhos cega,

Não é assim apenas comigo,

Mas com toda a gente...

Mas se há veneno

No licor que nos é servido,

Pode não nos matar de repente,

Mas vai minando

Nossas raízes

E o coração é o primeiro que sente...

Depois se deposita

Uma tristeza nos olhos

E o brilho se torna ausente...

Sem o brilho,

Não há mais luz

Que ofusque a visão da gente,

O coração funciona de lado

E entra em trabalho

O racional de nossa mente..,

O romântico quer crer

Ainda na ilusão,

Mas o racionalismo

Diz que não,

Diz que deve bater

De outro modo

O nosso coração...

Quem fez o olho de alguém brilhar

Uma vez

O pode fazer novamente,

Mas apenas se houver

Substância autêntica

De paixão de amor

Naquele que tanto magoou a gente...

Assim deve haver uma luta

Deve-se tentar fazer

De novo quente

Onde agora reside o frio,

Fria perfídia...

E quem amou,

Acionado por um sentimento potente

Pode ter os olhos brilhantes

Porque voltou a Amar

Àquele que o machucou

E a Amar ardentemente...

E se nada for feito

Se para um lado alguém se cala

Um e outro vive descontente

É porque nunca houve

Nem amor nem paixão,

Tudo foi apenas aparente...

E que cada um siga seu

Caminho sem nunca

Mais se encontrarem nesta vida

E que a separação

Não seja temporária

Mas sim eternamente...

26/06/2011

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 23/07/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T3113425
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