Eflúvios do Éden

Talha o cinzel o caulim tênue d'alma,

Imprimindo-lhe estigmas indeléveis.

O Artífice transmuta a realeza:

Faina contumaz sobr'a obra imperfeita.

Penso que viver também seja um cárcere.

Estar ciente é render-se ao controle

De um sistema coercitivo e iníquo.

Seria o ser senhor de sua sorte?

O mel das horas já não me apetece.

Nada é como antes e o porvir assusta,

Quem teme a feição ignota do mundo.

Dos fatos em curso, provo as agruras;

Tudo converge ao crasso pesadelo...

N'arte da escrita amanho meu conforto.

Mário Neto
Enviado por Mário Neto em 20/07/2011
Reeditado em 17/03/2019
Código do texto: T3106260
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