Eu não presto para ser poeta

Eu não presto para ser poeta

Eu tenho a alma violada

Eu não posso, como esses caras,

Escrever palavras animadas...

Eu não presto para ser poeta

Eu estou com a alma amargurada

E não sei a quem possa interessar

Estas palavras inacabadas

Eu não presto para ser poeta

No meu canto não há brandura

Não sou pessimista inveterado

Eu fui por mim mesmo abandonado

O papel em que risco é amassado

Como está meu rosto pela amargura

Me falta o que não pode ser adiado

Do avesso sabor experimentado...

Eu não presto para ser poeta

Não sei destilar doçuras,

Minha mão não consegue alcançar,

Não vou jamais conseguir

A singeleza das almas puras

Eu não presto para ser poeta

E se me contrario em confessar

Fazendo o oposto do que digo

É porque não posso evitar

Eu não presto para ser poeta

Foi de mudanças que se formou

Cada mísera parte de mim,

Assim, não tive quando desejei,

E quando não quis veio o fim,

Não das coisas que eu amei,

Se as quis, não fizeram parte de mim

Eu não presto para ser poeta

Eu fui completamente desmembrado

E não sei onde vive, nem encontro

Certas partes que tenho procurado...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 12/07/2011
Reeditado em 12/07/2011
Código do texto: T3090268
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