Na hora mais deserta
Meu desejo é de partir
Partir sempre
Nunca parar
Ir pela estrada
E nunca mais voltar...
Eu não sei
Mas sinto que enquanto
Passa o tempo
Estou perdendo tempo
A viver uma vida que não é minha
Uma vida de ilusão,
Uma brincadeira de mau gosto,
Que inventaram,
E que forças tradicionais
Me amarram
Numa prisão silenciosa
Cheia de solidao...
Você poderia acalmar meu coração,
Mostrar a mim
O que eu não consigo ver,
O que eu não consigo sentir...
Essa vida que todo mundo diz
Ser vida boa,
Poderia transformar em minha mente
O para mim tanto fez, tanto faz,
O que é uma coisa à toa...
Pergunto-me por quê?
Por que não encontrei
O doce da vida,
Se foi para isso que nasci?
E se não foi para isso,
Por que então nasci?
Acho que por engano
Sai do inanimado
Era eu um ser qualquer,
Uma pedra,
Um vaso quebrado,
Uma poeira intra-estrelar
E veio uma força e me animou
Sem eu querer
Sem eu querer
Sem que pudesse escolher
Entre ser e não ser...
Minha mente
É um baú de coisas densas
Que me desequilibra,
Deixa-me mais propenso
Para um lado do caminho
Esse da vida
Onde há mais espinhos,
E eu,
Apesar das coisas boas
Que temos,
Penso que elas chegaram
Na hora incerta,
Na hora mais deserta
Em que dorme meu coração...