Bar da ironia
Quando há carência a dor é grande
Se tiver sorte um pouco basta pra alegrar
- Ei garçom? Cadê o cardápio? Tô com fome!
Lá fora chove forte, mas não preciso me preocupar
Esse bar de solidão fica aberto 24 por dia
E pros dorminhocos há uma filial no mundo dos sonhos
- Deixa de ser louco irmão aqui só se serve lágrimas!
Quanta inocência “menino”, não hesite e abra essa garrafa
Tire a tampa dos seus sentimentos e vire o copo todo
E embriagado de paixão cante seus problemas nessa noite
Um gole de seu amor não se faz, mas um gole de dor bem não faz
- Moço, só vim comer um lanche! Odeio bebidas alcoólicas!
A chuva ganha força e as gotas parecem balas duma metralhadora
De gota em gota, de gole em gole o “menino” vai sonhando
Vai sonhando, cantando, bebendo e chorando e vai e vai
E vem mais uma garrafa para ser molhada com lágrimas
O tempo não passa ou é minha cabeça que fica com a lembrança?
- “Menino”, acorde já é de madrugada! Vá pra sua casa
Se tiver sorte seus pais vão abrir a porta, não chove mais!
Já é outro dia, talvez de dor ou de alegria, mas é outro dia
Cabe agora escolher o que queres pra sua vida
Abra o cardápio e não espere o garçom te abordar
Porque nessa vida o que vale é o “self-service”
Quanto ao garçom dele só vira “acorda” e “pague a conta”