A boca da noite me falou baixinho

Sorrateira como a cobra medonha,

Como Judas que indicou o caminho.

Deixando claro seu objetivo e barganha

Delatar tudo, indicar cada revolucionário.

 

A boca da noite me falou arrogante

As ruas estão cheias de criaturas

Revirando lixo, debaixo das pontes.

Todos sem rostos e sim caricaturas,

Sem alma, sem sorte e sem biografia.

 

A boca da noite me falou de crianças

Entre os abandonados nas ruas escuras

Sem pai, mãe, sem rumo e esperanças.

O que aconteceu com todas estas crias

Parecem de papel e com almas vazias.

 

A boca da noite me falou de prostitutas

Que vendem o corpo entre os açoites

Por pequenos trocados entre disputas.

Todas largadas para trás por descartes

Sem um futuro natural, sem petição.

 

A boca da noite me falou de errantes

Criaturas sofridas, feridas, olvidadas,

Jogadas nos cantos, todos pedintes.

O que fizeram estes pobres mortais

Pra viver sem razão nestes currais.

 

A boca da noite sussurrou nos ouvidos

Falou da miséria e da fome que mata

Dos desempregados e dos desvalidos.

Todos sem uma direção e opção certa

Presos aos sonhos de promessas políticas.

 

A boca da noite me falou sincera

Quem são estes revolucionários

Que não reagem, não tem garra.

Deixam tudo acontecer sem prélio

Cadê os cavaleiros templários.

 

Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 18/03/2011
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