O Pouco É Muito
Quão muito é o pouco,
Aqueles bocados que nos servem,
Desrazões que só percebe um louco,
Utilidades ínfimas parecendo inertes.
Sobras, migalhas, restos,
Resquício resistente por parcela,
Fragmento póstumo compondo versos,
Que serão palavras soltas sob forma de esparrela.
Bocado incólume de um “re-ligare” posterior,
Restolho simplificado eufemísticamente,
Metáfora vulgarizante produzida com bruto labor,
Predicativos enunciados etereamente.
Lúdicos feixes prismáticos,
Caleidoscópio de partículas,
Organização de um possível “telos” microscópico,
Unidades fracionadas, miúdas.
Pedaços que se [des]pedaçam,
Poeirismo que se expande,
Atomicamente se [des]ordenam,
Alastrando-se feito vírus infame.
Sentidos menores pela projeção inversa,
Volumes conjuntivos consubtanciados,
Separados feixes moldando realidades diversas,
Quebra-cabeças logocêntricamente arquitetado.
Muito pouco, por tão pouco,
Tido por [sub]strato,
Não passando de respingos num fosso,
Ainda assim, espacialmente demarcado.
Expelido por etapas,
Se dissolvendo em um rastro,
Feito repetidas golfadas,
Com resquício do sabor azedo de uma baba de vomitado.
Multifacetado em um pluralismo totalizante,
Todo composto pela disposição causal,
[Re]metido a uma soma de subtrações [in]equalizantes,
Caos emergente de uma ilogicidade habitual.
Flúídos que fogem de um hábitat primário,
Ramificações que se [en]redam exotéricamente,
Tentativa precoce de formar um corolário,
Unidade [des]unida por variações sem tréguas, contundentes.
Filamentos esvoaçantes ao léu nauseante,
Fibras simplórias entregues a um acaso do ocaso,
Ondulações com ritmos frenéticos e desconcertantes,
Jazigo perpétuo de prolongamentos esquálidos.
O pouco, por tão pouco, muito pouco será,
Insolente por sua humildade multiplicadora,
Dependente de teias envolventes de um futurismo que o pretérito jamais alcançará,
Sedução que aprisiona e corrompe simulando intenção conciliadora.