Preta Velha
Na cadeira do alpendre da casa da fazenda,
a preta velha bafora, fumando sua diamba,
gesticula com as mãos, qual se fizesse renda,
batuca com os pés, como dançasse um samba.
E numa baforada, preguiçosa e lenta,
a fumaça se eleva, vaporosa, quase falsa,
mexe as mãos como cozinhasse uma polenta,
arrasta os pés qual se embalasse numa valsa.
Depois se deixa inerte, na cadeira estendida,
a cabeça pendida por sobre os ombros caídos,
não mais agita as mãos, que já quase sem vida,
nem movimenta os pés, já tão emurchecidos...
E assim ela espera, nessa letargia bamba,
por aquela que enfim a levará de sua cadeira,
baforando, abandonada, e feliz, a sua diamba,
socada no fundo de um cachimbo de madeira...