Coitado
Coitado
Coita era em outro momento
lamento, sofrimento.
Coitado era quem sofria esta agonia.
Coita caiu em desuso, mas coitado continua.
É coitado todo aquele que a sorte pôs de lado.
Há coitados a sofrer dores físicas, mentais e mais.
E esse mais é que dói mais.
É a dor da agonia, da depressão.
Da última ilusão.
É a dor que bate à porta, entra e vai logo dizendo:
contigo ninguém mais se importa.
Mais coitado do que os ladrões que ainda causam preocupações.
Mais coitado do que o mendigo, pede, e às vezes consegue
amolecer corações.
E esta lucidez a dizer:
Chegou a tua hora, a tua vez.
Até a alma se recolhe e o deixa ali a sofrer.
Já não reza. Diz para Deus: quero morrer.
Lita Moniz