Câncer da ALma
Toda minha glória se perdeu no seu sorriso desfeito
Minha revolta, não é mérito de teu desamor,
mas de meu amor pela vida, que se perdeu em lágrimas.
Creias, não sofro por ti, mas pela descrença em todo sentimento,
pela descrença em todo ser humano, que tu me ensinaste.
Não a amo menos pela sua covardia, amo menos a mim mesmo,
pela minha fraqueza.
Nada termina no coração do homem, a chaga cresce,
se expande. Se ramifica nas luzes da alma,
e sufoca, até a paraplegia do espírito.
Antes morresse, seria melhor que a semimorte
de quem vê a vida em teus olhos,
e o Dom de iludir o ser amado.
Mas apenas vejo. Meus lábios, minhas mãos,
Nada em mim se move em protesto.
Apenas no fundo, uma lágrima que não cai.
Lágrima presa, o início da chaga,
do câncer da alma.
Que delicadamente, plantaste em mim.
Estupidamente inocente, e de rara beleza.
Deste-me o brilho dos teus olhos,
e com ferro em brasa, arrancaste os meus.
Não te amo menos por sua coragem
de atos covardes.
Amo menos a mim, porque cegaste meus olhos
à toda beleza.
Estou imóvel, cego, e não sinto nada.
Como és forte, meu amor.
Como és forte.