ESTILHAÇOS

Como anda abatida minh’alma,

Arrastando-se em estilhaços de vidros quebrados.

Meu sangue escorre pelos olhos

Como gotas cristalizadas de solidão,

Numa desventura sofrida,

Num gritar sussurrante,

Numa corrida desesperada e inerte,

Numa dor medonha e absurda.

Meu corpo já não obedece.

Minha mente sem razão não suporta.

Existem pedaços de vidros

Encravados nos joelhos dos meus sentimentos.

Não há como estancar o sangue.

A hemorragia debilita o eu desfigurado.

Minha morte é anunciada

Estou prestes a falecer.

Minhas últimas palavras são

Balbuciadas na escuridão...

Quem me dera recuperar o viço,

E tomar-te em braços meus

Oh! vida minha!

Oh! ar meu!

Teu sorriso é meu.

Teu olhar me pertence.

Teu amor eu suplico.

Sem forças

Meu corpo tomba

E minha vida se esvai

Entre os estilhaços de vidros quebrados!

(Sophie Amadeus)