AS VELAS LATINAS

Eu, que enfunava entusiasmado a bandeira dos navegantes, hoje desfraldo, enlutado, as velas das naus perdidas. No ondulante espelho esmeralda recuo ante o espectro cambiante que me fita e pergunto – Foste a ti, que deliberaram tamanha confiança?

O tombadilho sob meus pés cede ao peso dos sonâmbulos que me acompanham a vigília e desta massa meio humana meio suína, em andrajos de pompa, mal consigo reconhecer uma feição que me seja cara. Aproava-me a sotavento e gritava impropérios aos elementos, como se as forças do mar proceloso me fossem súditas. Hoje navego vacilante e me escondo entre as velas latinas.