ALMAS SÔFREGAS
O negro asfalto crepita
Sob os passos angustiantes
Da plebe que se aglutina e,
Destemida, solta a voz cansada
De ostensivo descontentamento,
Num apelo de dor à justiça!
Contrapondo-se aos alaridos,
Os detentores do poder, calmamente,
Desfilam sua prepotência
Pelos tapetes palaciais,
Fingindo nada presenciarem.
Uma pergunta não cala:
Serão os oprimidos ouvidos algum dia?
Ou serão reprimidos, perseguidos
E mesmo mortos sem digladiarem?
Com os olhos razos d água
E as mãos unidas, em prece,
O proletariado espera
O alvor de nova aurora!
Que o voto consciente em massa
Do raiar de nova era,
Afugente as bridas que enlaçam,
Assombram e entorpecem!