Cala, frio!

Voa, vai brincar com teu azul profundo, que eu vou ver o passarinho verde lá da esquina. Sim, porque enquanto estiveres preso no quarto da melancolia, vou permanecer exposta no quadro da rua, vendo lua e estrela até o alvorecer do dia! Nem adianta falar, mesmo em boca calada tu me repudia. Tuas cinzas descoraram minha inocência num sopro de céu nublado, agora meu ventre chora. Fumaste toda a tormenta embora, baforou no meu rosto em afronta da janela o teu eu molhado. Agora treme na base por medo de estar sozinho. Pinto um moínho de vento, o teu retrato. Lembrança do que já mais não existe. Não existiu, jamais sonhado. Quando eu não quero, eu mato. Capino, entrego tua horta à chuva ácida, deixo brotar em um ano todo o breu do anonimato que por trás traz escrito frio: - aqui Jaz.

Por: Paola Benevides

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